O Pequeno
Esquilo
O conto O Pequeno Esquilo, escrito em 1992, foi
publicado em edições da Nash Sovremenik
[Nosso contemporâneo, revista de
escritores da Rússia] e noutras prestigiadas revistas literárias.
Andrei
Gueraschenko, membro das uniões dos Escritores da Rússia, da Bielorrússia e do
Estado da União [acordo de 8 de Dezembro de 1999 entre a Rússia e a
Bielorrússia], é autor de mais de 20 obras, incluindo livros infantis e sobre a
guerra.
Em 2016,
por decreto do presidente da Federação Russa, Vladimir Putin, foi-lhe atribuída
a Medalha Pushkin.
O Pequeno Esquilo é uma lição que lembra e homenageia as
crianças, os idosos e as mulheres que morreram nos territórios ocupados pelos
nazi-fascistas. O Pequeno Esquilo é
um brinquedo simbólico, nas mãos de um menino bielorrusso, que poderá salvá-lo
da morte. Contudo, os acontecimentos vão precipitar-se noutro sentido. Após a
leitura do conto, fica um nó na garganta. Na memória do leitor ficará, ainda
por muito tempo, aquele esquilo de peluche caído na neve ensanguentada…
Estávamos
no Inverno de quarenta e quatro. O último Inverno da ocupação. O fumo ardia nos
olhos. Parecia que aquele insuportável calor seria capaz de derreter o corpo
todo e este, como se fosse manteiga, iria infiltrar-se no solo e desaparecer
nas suas profundezas. A casa estava em chamas, estavam em chamas o avô, a avó e
a pequena Aleska. Mas eles não sentiam dor. Rygorka sabia bem que não tinham
dores.
Uma vez,
viu como deram um tiro ao velho Mikhei e o deixaram deitado no meio da rua.
Fazia muito frio, mas ele estava ali deitado e não se mexia. O avô disse-lhe
que Mikhei não sentia dor, porque a sua alma estava no céu. A alma é que é o
homem, e o seu corpo é como roupa. Isso Rygorka também já sabia. Significa que
o avô, a avó e a Aleska não tinham dores, já estavam no céu. Ora, o Rygorka
está só. O que será dele agora, sozinho?
O fumo acre encheu-lhe a boca e o nariz. Tornou-se difícil respirar.
«E se, de
repente, a minha alma sufocar juntamente com o corpo e eu nunca chegar ao
céu?», assustou-se Rygorka e, limpando as lágrimas, começou a remover os trapos
da passagem secreta.
O avô
sabia que os alemães poderiam chegar a qualquer momento, e de propósito mostrou
ao neto a passagem. Rygorka já sabe o que fazer – tem de ouvir com atenção, se
está alguém deste lado da casa, e depois ir lá para fora e correr com toda a
força para a floresta.
Sentiu na cara uma aragem surpreendentemente fresca.
O Obersturbannführer [tenente-coronel das
SS] Neubert ouviu um barulho estranho. Quando olhou para baixo, conseguiu ver
como, sob a parede da casa, a neve tinha abatido e desmoronava-se lá para
dentro. Por uma fenda saía lentamente um fino fio de fumo azulado.
«Espero
que a parede não caia. Lá dentro deve estar tudo a arder, a neve já está a
derreter», pensou o Obersturbannführer
e, por precaução, deu alguns passos atrás.
De
repente, o barulho repetiu-se e ouviu-se distintamente a respiração irregular
de alguém.
O buraco
sob a parede abriu-se ainda mais e de lá saiu uma mão humana. Neubert deu um
salto para trás e tirou do coldre a pistola Luger.
Escondido
junto da parede, o Obersturbannführer
ficou à espera do que viria a seguir. Seria parvoíce chamar os soldados – ele
mesmo podia pregar um susto a quem se aprontava para sair dali. Depois da mão
apareceu a cabeça, e um ser humano sujo e esfarrapado saiu a rastejar.
«Credo!
Porque é que esta pessoa é tão pequena?! Será um troll malvado que veio do Inferno para me punir pelos meus
pecados?! Raios! Afinal é apenas um menino, um menino maltrapilho e sujo. Já
estou com os nervos à flor da pele! Mas como foi que ele sobreviveu nesta casa?
Quer dizer que eles fizeram um mau trabalho e quase o deixaram escapar». Sem
baixar a pistola, Neubert começou a observar Rygorka.
Sacudindo a neve de Tyapik, um velho esquilo de peluche, Rygorka olhou
para cima
e... viu uma pistola apontada para si e um alemão alto, com o dedo no gatilho.
Rygorka esboçou um grito, largou o pequeno esquilo e lançou-se de volta para o buraco.
Neubert
baixou a pistola, agarrou Rygorka pelo colarinho e virou-o para lhe ver o
rosto. À sua frente, o menino, aterrorizado, não percebia nada do que se estava
a passar.
O coração
começou a bater tão forte, que Rygorka tinha a impressão de que, daí a nada,
ele lhe saltaria do peito. O medo tomou cada uma das suas células, prendia-lhe
os braços e as pernas. Tinha de correr, tinha de fugir daquele alemão com todas
as suas forças. Porém o horror, semelhante ao de um rato perante uma cobra que
o apanhou desatento, não deixou o menino sair do sítio.
«Porque
foi que não o matei? Ora, vou reconsiderar e dar-lhe um tiro. Que falta é que
ele me faz?» – pensou Neubert e estendeu de novo a mão para o coldre. Mas o seu
olhar deteve-se no esquilo de peluche deitado na neve, sozinho.
«Porque é
que apareceu aqui este esquilo?» – pensou Neubert e logo ali lembrou-se de
Martha e do loirinho e pequenote Fritz...
Naquela
tarde Neubert tinha chegado de Munique e trouxera para Fritz, como presente do
Dia do Anjo, um pequeno esquilo de peluche.
Fritz
ficara encantado com o presente e passara a noite inteira a brincar com o seu
novo brinquedo.
–
Que
nome lhe vais dar? – perguntara Neubert ao filho.
–
Esquilinho.
Apenas Esquilinho. – respondera Fritz, depois de pensar um pouco.
–
Mas
não se dá nomes assim. Todos devem ter o seu próprio nome. Como tu, porexemplo,
és Fritz e a mãe – Martha. E o esquilinho? Também se deve dar-lhe um nome –
retorquiu o pai.
–
Não,
ele vai ser apenas Esquilinho! – insistiu Fritz...
Nessa
altura era Verão. O Verão quente e ensolarado de quarenta e três. A Baviera
estava imersa em vegetação e ali, naquela casa querida e familiar desde a
infância, a guerra parecia algo distante e irreal...
Rygorka
sentiu finos fios de suor quente a escorrerem pelas pernas e logo ficou outra
vez capaz de agir, vencendo finalmente o horror do pânico. Enxugando as
lágrimas, agarrou-se às botas de Neubert e começou a suplicar, com uma voz
quase inaudível:
–
Ti’ fácista, ti’ fácista, não me mate! Ti’ fácista, eu faço o que mandar, eu…
«Raios
parta! É que este pequeno russo parece-se mesmo muito com o Fritz. Os mesmos
olhos azuis e as mesmas madeixas loiras, se ele as lavar, claro! O que estará a
sussurrar? Deve estar a pedir que não o mate. Que esperto... Fritz
também era esperto. Porquê “era”?
Ele ainda é esperto, agora» – Neubert levantou o menino pelos ombros e
colocou-o novamente à sua frente. Pegando no esquilo, o Obersturbannführer examinou-o cuidadosamente por todos os lados e,
estendendo-o a Rygorka, perguntou em alemão:
– É o teu
amigo?
Rygorka
olhou atentamente para Neubert. Ele não percebia porque estava o alemão a
interessar-se tanto pelo seu brinquedo.
–
Como
é que ele se chama? – perguntou Neubert novamente em alemão.
Rygorka
permaneceu em silêncio, a levantar, nervoso, ora um pé, ora outro. Neubert
notou que ele estava descalço na neve.
«O que
hei-de fazer com ele?», inquietava-se o Obersturbannführer, olhando para o
menino.
«Vai
matar-me ou não?!» – Rygorka tentava adivinhar, horrorizado, olhando Neubert
nos olhos.
Ultimamente,
Neubert andava cada vez mais interessado em misticismo. Tornara-se
supersticioso nos últimos meses, quando viu sangue mais vezes do que água e ele
próprio derramara esse sangue.
«Meu Deus,
e se esses porcos chegarem à Baviera? E se a minha casa for assim incendiada
com a Martha e o Fritz?... Oh, meu Deus, como ele se parece com Fritz! Que
corra para a floresta. Se ele correr e a alcançar, então o Fritz também
continuará vivo, mas e se não... Ele vai lá chegar, eu vou deixá-lo. E depois?
Ele vai morrer, de qualquer maneira. Com os pés descalços, não se aguenta muito
tempo na neve. Embora estes russos sejam extremamente resistentes ...
Talvez ele não morra e os guerrilheiros o encontrem. Isso seria a sua sorte. Mas, por enquanto, que
fuja». A testa de Neubert cobriu-se de suor, por causa do pensamento obsessivo
de que a vida de Fritz dependeria de o menino russo conseguir ou não chegar à
floresta.
«Mas,
ainda assim, ele é muito parecido com o Fritz», pensou Neubert e entregou o
pequeno esquilo a Rygorka. Com as mãos trémulas de frio, o menino apertou o
brinquedo contra o peito e olhou para o alemão.
–
Partisanen! Schnell, schnell!
Bistro!
[Guerrilheiros! Depressa, depressa! Depressa – em alemão e em russo] gritou
Neubert. Virou Rygorka em direção à floresta e deu-lhe um leve chuto.
Rygorka começou a chorar e recusou-se a correr.
«Provavelmente
está com medo de que eu dispare?, tentou Neubert adivinhar e, sorrindo, como
demonstração, prendeu seu coldre no fecho:
–
Nicht schiessen! Partisanen –
bistro! [Não
disparo. Resistentes, depressa!]
Desta
vez Rygorka correu. A neve afiada e fria queimava-lhe os pés azulados, mas isso
não importava. Queria apenas uma coisa – chegar à floresta o mais rapidamente
possível.
Ainda não
sabia o que havia de fazer a seguir, mas com todas as suas forças queria fugir
daquelas pessoas estranhas e incompreensíveis – dos fascistas, que incendiaram
a sua casa e mataram toda a família.
Uma
metralhadora lançou rajada após rajada, impiedosamente. Eis que o menino russo
caiu. E ei-lo, que se levantou, mas a segunda rajada derrubou-o novamente. Paul
deu umas gargalhadas de prazer e continuou a disparar contra o pequeno corpo
desamparado, tombado na neve.
«Isto
significa que os russos vão matar o Fritz! Mas como é que apareceu aqui este
idiota?!» – Neubert, com os olhos esbugalhados de raiva, saltou para junto do
Paul e deulhe uma bofetada.
–
Porquê?
– gritou Paul e, segurando a bochecha, largou a metralhadora - Tu, minha besta,
quase deixavas escapar este russo!
–
Ele
podia ir-se embora! – Agora Neubert tinha de dar uma explicação para a sua
atitude.
–
Mas eu matei-o?!
–
Considera
que tiveste sorte – disse Neubert já mais calmo, controlando-se e deitando o
olhar, pela última vez, para o corpo inanimado de Rygorka, que quase não se
destrinçava devido à distância, e dirigiu-se para os carros parados atrás da
casa.
Naquele
momento, as chamas irromperam e a casa ardeu como uma vela brilhante, sobre o
fundo, já escurecido, do céu crepuscular.
–
Dizem
que hoje os russos comemoram o Natal? – perguntou já no carro o velho Cabo
Scheinbach.
–
Natal?
Isso é bom – nós estamos precisamente a deixar-lhes velas de Natal! – Paul
riu-se e apontou para a aldeia em chamas.
«Bem, é
possível que os russos entrem na Baviera. Talvez alcancem o Fritz e a Martha.
Mas isso vai-lhes sair muito caro!», Neubert olhava carrancudo para os campos
cobertos de neve.
Agora ele
queria apenas uma coisa – matar e queimar, queimar e matar, para que os jorros
de sangue avermelhado lavassem da sua memória aquele menino russo morto por
Paul… Corria o ano de mil novecentos e quarenta e quatro.
***
Rygorka
despertou à custa do frio insuportável e da dor aguda. Tentou levantar-se, mas
não conseguiu – as pernas do menino tinham sido atingidas por duas rajadas.
A neve ao
redor estava ensopada em sangue, mas Rygorka via somente uma mancha preta – a
noite tinha chegado. Rygorka não chorava – o frio diminuía gradualmente e a dor
esmorecia a cada minuto.
Rygorka
estendeu a mão para o pequeno esquilo, deitado ao seu lado, apertou-o contra o
peito e olhou para cima. No céu brilhavam estrelas, tão claras que cegavam.
Fixando os olhos-botões pretos do brinquedo, Rygorka num sussuro partilhou com
o pequeno esquilo o seu pensamento mais íntimo:
– Não
sufoquei e isso quel dizel que agola vou para o Céu – era o que o avô
costumava dizer. E tu, Tyapik, também vilás.
Em bleve vamos vel o avô, a avó e a
Aleska. Lá vai estal quente e vai sel bom, e todos os facistas ilão para o Infelno. Assim o avô di…
Rygorka
não terminou a palavra e fechou os olhos, porque sentiu uma vontade
insuportável de dormir.
Pesados
flocos brancos caíam silenciosos sobre Rygorka. Não derretiam e, passadas umas
duas horas, como uma mortalha, cobriram o menino com uma manta branca e fofa.
Parecia
que a própria natureza ficara horrorizada com o que ali acontecera e, não sendo
capaz de mudar nada, queria esconder tudo.
Corria
o Inverno de quarenta e quatro. O último Inverno da ocupação...
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